segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A

   Esses teus olhos cor de lua são pedidos para saciar o meu comportamento instável dos últimos dias. A tua compreensão e sabedoria são então, mais que pedidas. Que venham pelo correio, que venham em sonhos num recanto da noite, que venham de forma banal ou de forma fantasiada, mas que venham. O teu cabelo negro contrastante com a tua pele clara, tão familiar em nós, deixa-me avisos no coração implorando por ti. Até os teus jeitos e os teus discursos que parecem calculados e pensados mas que opostamente são ditos espontaneamente e com o coração, são pedidos pela saudade de ouvir uma voz guia. Tudo isto me cheira a saudade, mas sobretudo cheira-me a falta de direcção. Preciso que venhas. Preciso que venhas, mais uma vez, e me fales com o coração na boca. Preciso que faças aquele olhar sofrido mas glorioso de quem foi a uma guerra e se ergueu só para poder provar que a vida tem o seu gosto. Que tudo magoa, mas que também, tudo passa. Talvez nem precise que fales. Talvez a tua presença seja lição suficiente, porque sei-te ler com os olhos. Nem a mim sei ler, mas sei-te ler com os olhos. Só trazes um sentimentos contigo, trajado por outros que variam de momento para momento. Trazes o amor nos olhos. É esse o único sentimento que trazes quando abres aquela porta e talvez seja por isso que, mais uma vez, preciso de te ver por aqui, nesta casa, para envolver este coração adormecido.
   Sucintamente, preciso apenas de uma razão para acreditar no amor, seja ele qual for: o de mãe, o de pai, o incondicional, o de ao próximo, mas mais importante e anterior a todos - o de amor pela vida. Tirei-me todos, menos esse, porque com esse crescem todos os outros e para não me o tirarem preciso de acreditar nele. Por isso, peço-te apenas o teu rosto para me lembrar de que existe sempre algo reconfortante, que faz com que tudo valha a pena: o prazer de te ver.

   Alfredo, desde 1990 a percorrer a vida, desde 1993 a percorrer a minha. Mais do que um obrigada, um amo-te, meu irmão.

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